Toxina botulínica: mitos e verdades

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Por Tânia Morbi

 

Dr. João Luís fala sobre recurso que se torna cada vez mais popular na área de estética

 

Muitos já ouviram falar em toxina botulínica ou botox. Mas, o que realmente é quais todas as suas destinações. Quem abordou este assunto especialmente para a revista O Comércio foi o cirurgião plástico João Luís Gil Jorge. “A história é muito interessante, porque ela nasceu de uma toxina produzida por uma bactéria que causa paralisia. Geralmente, pessoas que consumiam alimentos contaminados por esta bactéria tinham paralisia muscular. A indústria viu o benefício da paralisia, optou por usar ela em benesses, como a parte da beleza, e para tratar espasmos de pacientes que tenham déficit neurológico. Então, ela nasceu de uma doença e foi usada para fins estéticos e de certo modo, medicamentoso”, relatou.

 

O Comércio: Para que serve? Serve apenas para rugas?

Dr. João Luís A toxina é conhecida pela maioria das pessoas como sendo usada para estética, mas ela nasceu para tratar paralisia muscular. Pacientes que têm déficit neurológico, espasmos, ficam em uma condição que o músculo contrai e não relaxa, então com a toxina eles têm menos dor. Também para paralisia de pregas vocais, onde o músculo também fica paralisado, ainda para tratar excesso de sudorese, quando a paciente produz muito suor nas axilas. Ou seja, a função da toxina é imensa, e também tem para o tratamento estético, quando se paralisa a musculatura da face diminuindo as rugas que se formam com a contração voluntária.

 

O Comércio: Quais os efeitos? São permanentes?

Dr. João Luís: Como a maioria das substâncias que é injetada no corpo, tem período em que o corpo vai absorver ou eliminar, porque ela não é um produto original do nosso organismo. O nosso corpo leva um tempo, que segundo a literatura é de 4 a 6 meses para eliminar, mas varia de pessoa para pessoa. Quem faz mais exercícios, quebra essa toxina mais rapidamente, em pessoas que têm dificuldade em metabolizar, dura um pouco mais. E são poucas as que não tem reação, não conseguem paralisar.

 

O Comércio: Quem pode usar? Com qual idade?

Dr. João Luís: Ela vem sendo usada cada vez mais precocemente, como uma profilaxia, ou seja, para evitar com que a pessoa forme rugas desde jovens. Já vi pessoas usar com 17 ou 18 anos, mas a gente orienta o uso a partir dos 18 anos. Antes era usado apenas depois que se formou a ruga, hoje não. É usado para evitar. É contraindicado em crianças e jovens com função estética, no entanto, a parte funcional é permitida, assim que tem indicação clara do médico para algum tipo de doença.

 

O Comércio: Quando é o melhor momento para usar?

Dr. João Luís: O melhor momento é quando a pessoa tem o conhecimento que é um tratamento, pode ser a partir dos 18 anos, ou quando tem necessidade de tratamento. Para quem tem 30 ou 40 anos pode ser há cada 6 meses, mas a decisão é muito de cada pessoa.

 

O Comércio: Existem mitos em torno dela? Quais os principais?

Dr. João Luís: São vários. Antigamente falava-se que só poderia usar a partir dos 40 anos, é um mito. Que só pode usar uma vez, é mito. Que a toxina é coisa que não pode ser usada com outros produtos. Mas, pode. Um mito grande é que não se pode fazer exercício após a aplicação. Você pode fazer. A gente não recomenda não fazer exercício porque isso pode fazer mal para sua saúde. Mitos relacionados à durabilidade e uso de medicamentos. Por enquanto, não temos evidências. Existem alguns preparos à base de Fitase e Zinco, que podem diminuir a metabolização.