A ginecologista Vivian Noronha Gonzaga fala sobre a doença que atingiu a cantora Anitta
A endometriose é uma doença inflamatória provocada por células do tecido de revestimento interno do útero (endométrio ), que se localizam e se desenvolvem fora do útero. Pode se localizar em órgãos como as tubas uterinas, ovários, bexiga, intestino, peritônio e, praticamente, qualquer órgão do nosso corpo.
No mês de julho a mídia de todo brasil noticiou sobre a entrevista da cantora Anitta sobre seu diagnóstico de endometriose e todo o sofrimento até ele. A cantora já passou por procedimento cirúrgico e se encontra em restabelecimento de sua saúde. Isso nos mostra o quanto essa doença ainda é um desafio para todos nós e o quanto seu diagnóstico é importante para a saúde física e mental de nossas pacientes.
Falando um pouquinho mais desse assunto, o endométrio é a camada que reveste a parede interna do útero, sensível às alterações hormonais do ciclo menstrual. É onde o óvulo depois de fertilizado pelo espermatozoide se implanta. Se não houver fecundação, grande parte dele é eliminado durante a menstruação. O tecido restante voltar a crescer e o processo se repete a cada ciclo. Há várias teorias sobre a origem da doença como refluxo da menstruação pelas tubas uterinas, fator genético e deficiência imunológica predisponentes.
A endometriose pode ser assintomática (sem sintomas) no início, sintomática. Os sintomas comuns são: cólica menstrual com piora progressiva e incapacitante para realizar as atividades corriqueiras (trabalho, estudo, atividade física); dispareunia ( que é a dor intensa e profunda no ato sexual); dor e sangramento no sistema urinário ou intestinal; e infertilidade (dificuldade para engravidar). Pode ser inicial com poucos focos abdominais ou profunda com muitos focos (a forma mais grave).
O diagnóstico é a etapa mais importante. A anamnese da paciente com seus dados e suas queixas, juntamente com seu exame físico e ginecológico podem sugerir a presença da doença. Temos os exames laboratoriais para os diagnósticos diferenciais e o marcador tumoral ca125 que podem também nos ajudar. Os exames de imagem usados são ultrassom transvaginal e ressonância magnética. O padrão ouro para diagnóstico definitivo é a videolaparoscopia, um procedimento cirúrgico minimamente invasivo com biópsia das lesões.
O tratamento pode ser realizado com medicações como pílulas anticoncepcionais sem pausa, pílulas a base de progesterona isolada, implantes com progesterona, algumas medicações análogas do hormônio GNRG injetáveis e os procedimentos cirúrgicos. O médico, em conjunto com a paciente, decide junto o melhor método para cada uma.
Finalizando, deixo uma sugestão para nossas leitoras para manterem em dia suas consultas de rotina e procurarem ajuda se perceberem algum dos sintomas que relatamos. O diagnóstico precoce ainda é a melhor opção que temos para essa doença silenciosa e cruel.
Serviço: Dra. Vivian Noronha Gonzaga – Ginecologia e Obstetrícia –
CRM 110.654 – TEGO 0886/2005
Telefone: (14) 3263-0671
Clínica São Lucas – Rua Geraldo Pereira de Barros, 350 – Centro – Lençóis Paulista