Jovem lençoense realiza sonho como modelo internacional

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Realizar um sonho pode ser bem difícil, quando exige disciplina, impõe concorrência e viver longe da família em outro país. A lençoense Geovana Beatriz Michelique, de 19 anos, vem conseguindo o feito há dois meses, residindo e trabalhando como modelo profissional na Índia. À revista O Comércio ela conta como foi até chegar a este ponto e fala sobre o futuro.

 

O Comércio: Quando e de que forma começou sua carreira?
Geovana: Sempre tive esse sonho desde quando era pequena e brincava de desfilar. Eu praticava prova de três tambores, mas meus pais tinham medo. Então, achei algo para fazer no lugar do esporte. Em 2018, aos 14 anos, descobri uma agência em Bauru e fiz alguns trabalhos locais. Fiquei em 2º lugar no concurso Miss Bauru, e essa colocação me deu a oportunidade de participar do Miss São Paulo Teen. No entanto, percebi que não era meu sonho e decidi não seguir adiante. Em vez disso, participei de uma seletiva em São Paulo para agências nacionais e internacionais, focando apenas na carreira de modelo.

O Comércio: Como a mudança de cidade impactou sua carreira?
Geovana: Acredito que tudo o que vivemos serve de bagagem. Os trabalhos de Lençóis e Bauru fizeram com que eu tivesse um currículo e não chegasse de mãos vazias à capital. Lá, tive oportunidade de trabalhos grandes, para marcas mundialmente conhecidas. Cheguei a participar de um casting para uma série da Netflix.

O Comércio: Como surgiu a oportunidade de trabalhar fora do país?
Geovana: Através do direcionamento de carreira que recebi. Sempre foi um sonho, mas a profissão de modelo vai muito além de tirar fotos; envolve treinamento, preparo e estratégia. Minha carreira foi moldada por Mônica Teixeira, que faz todo o direcionamento de carreira para modelos. Através dela, consegui entrar na agência Azure Models, que atua como minha “mãe agência”, que é a  responsável por fazer a ponte entre modelos e agências internacionais. Graças a esse suporte, recebi contratos internacionais, com o primeiro vindo em 2023.

O Comércio: E como foi após receber essa proposta em 2023?
Aceitei, mas o visto demorou meses para ficar pronto e a oportunidade não se concretizou. Como uma pessoa religiosa, acredito que foi melhor assim. Deus sabe o que faz. Nesse período, comecei a faculdade, trabalhei em uma grande empresa em São Paulo e amadureci, vivendo primeiro em uma casa de modelos e depois com minha irmã. Isso me preparou para encarar o desafio de morar sozinha no exterior.

O Comércio: Quais foram as principais dificuldades ou obstáculos de atuar fora?
Geovana. A distância da minha família. Sou muito apegada a eles e, apesar de já morar em São Paulo, visitava meus pais quase todo fim de semana. A diferença cultural também foi um desafio: a comida, a ausência de carne bovina, e os cuidados com vestimenta e exposição. Além disso, perdi minha avó materna pouco antes de vir para a Índia, o que tornou ainda mais difícil deixar minha família.

O Comércio: Você teve contato com pessoas famosas desse universo?
Geovana: Conheci Natália Guimarães, modelo e apresentadora brasileira, vencedora do Miss Brasil 2007 e 2ª colocada no Miss Universo 2007. Também conheci Valdir Bündchen, pai de Gisele Bündchen. Conheci Rafael Menezes, stylist da Anitta e stylist da cantora Simaria. Até cheguei a usar uma roupa dela em um clipe. Já fotografei com roupas da Dolce & Gabbana e fiz ensaios com Ita Mazzuti, fotógrafo de várias celebridades, como Juliana Paes.

O Comércio: O que planeja para o seu futuro profissional?
Geovana. Quero trabalhar bastante na Índia e, futuramente, conquistar novos contratos na Ásia, Europa e América do Norte. Pretendo concluir minha faculdade de Administração, pois acredito que a educação é essencial em qualquer área. Meu objetivo é me realizar como modelo e seguir como estilista!

O Comércio: Qual sua mensagem para jovens que buscam o mesmo objetivo?

Geovana: Nunca desistam dos seus sonhos, mesmo que demore! Nosso interior, nossa Lençóis Paulista são gigantes, uma terra de oportunidades. Sempre busquem novas chances, mas tomem cuidado com golpes. Busquem referências e perguntem a outras modelos sobre agências e oportunidades. Agradeço as lojas locais, como a Carla Medola, que sempre me chamava para desfilar, e à revista O Comércio por esta oportunidade de compartilhar minha história e inspirar outras meninas, é uma honra para mim! Gostaria de agradecer à minha família pelo apoio emocional e financeiro, desde o começo, até as ligações diárias agora que estou longe. Dedico esta entrevista à minha avó, que sempre orou para que eu realizasse meu sonho, e também aos meus pais, minha irmã e minha família, que sempre estiveram ao meu lado.