Médico pesquisa a eficácia do uso de canabinóides na lombociatalgia

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Pesquisa de Doutorado do ortopedista Denis Queiroz pretende oferecer alternativa para medicação atual, altamente restritiva
Buscar a cura para dor tem sido o foco do trabalho de muitos médicos que veem na pesquisa o caminho para alcançar seus objetivos. Mas, o ortopedista e traumatologista, Denis Queiroz, que também é especialista em Cirurgia da Coluna Vertebral, pretende ir adiante. Ele desenvolve atualmente uma pesquisa de Doutorado na Área de Dor, na Unesp de Botucatu, que pretende comprovar a eficácia de medicamentos à base de canabinoides no tratamento de dor lombar com componente neuropático (dor no ciático), e assim possibilitar que os medicamentos para este problema sejam incluídos no rol de remédios produzidos com a mesma substância e que são distribuídos gratuitamente por meio do Sistema Único de Saúde no Estado de São Paulo. “Os canabinoides têm sido empregados ao longo do tempo. Existem muitos estudos a respeito, mas grande parte da população tem medo do tratamento devido aos efeitos psicotrópicos relacionados à maconha. Mas, na verdade, as medicações são desprovidas destes efeitos, não contam com o componente alucinógeno, sendo a composição a base de canabidiol e uma pequena quantidade tetrahidrocanabinol. A indústria atualmente é muito avançada na extração dos óleos, então o único efeito realmente é no tratamento da dor, não tem o efeito psicotrópico que, as vezes, afasta alguns pacientes de fazer o uso”, explicou.
DOR DO CIÁTICO
A dor a que se refere o médico é conhecida como dor do ciático, sendo um tipo de dor chamada de neuropática ou dor do nervo, problema de difícil tratamento, segundo ele, por existirem poucas medicações disponíveis e todas com fortes efeitos colaterais. “O que mais usamos hoje são os remédios da classe dos gabapentinoides, que têm muita restrição de uso, muitos efeitos colaterais, são difíceis de usar em pacientes idosos pelo risco de queda”, lamentou.
Estudos já divulgados mostram que o sistema endocanabinoide, praticamente, atua em todas as células que apresentam resposta inflamatória do organismo, além de atuar no sistema nervoso central, diretamente nas vias de regulação da dor, segundo Denis. “Com isso, as medicações agem diminuindo o sistema de transmissão da dor no nervo, fazendo com que o paciente tenha melhor reabilitação, menos dor e consiga fazer fisioterapia e fortalecimento necessário, se reabilitando com mais eficiência”, comentou.
QUESTÃO LEGAL
A lei que permite a distribuição pelo SUS no Estado de São Paulo foi sancionada em janeiro deste ano e institui a política estadual de fornecimento gratuito de medicamentos à base de canabidiol (Lei 17.618), para diversas doenças neurológicas e dores crônicas, como a fibromialgia e enxaquecas.
Mas, a legislação não inclui os medicamentos para tratamento de lombociatalgia (dor na lombar + ciático), por isso. “Nosso estudo é pioneiro e com ele tentamos demonstrar a correlação da funcionalidade da medicação no tratamento desta dor e contribuir para que este tratamento seja incluído no rol de doenças para as quais a lei disponibiliza medicamentos gratuitos para os pacientes”.
De acordo com o médico, a dor lombar é a principal causa de afastamento de trabalhadores. Em Prontos Atendimentos é a segunda causa de procura médica e um dos motivos é a dificuldade no tratamento. “As medicações existentes são restritas e de alto valor, e não são todas as cidades que disponibilizam pelo SUS”, disse.
O Doutorado de Denis conta com a participação de 196 pacientes, acompanhados em consultas de rotina ambulatorial, a expetativa é de começar a fase de descrição dos resultados em um ano. “É um trabalho minucioso, mas com resultado bastante gratificante. Com ele, vamos conseguir mostrar, no futuro, a efetividade da medicação à base de canabidiol frente a outros medicamentos e oferecer uma alternativa de tratamento”, antecipou.
Serviço: Clínica Santa Rita de Cássia

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