Setembro Amarelo: O suicídio não é uma escolha e sim uma defesa para a dor

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Falar sobre o assunto é tão importante, pois dados mostram que 90% dos suicídios são evitáveis.

 

Um dia mundial de prevenção e um mês dedicado a se falar sobre suicídio. Assim, em várias partes do mundo se tenta reduzir as taxas de mortes autoprovocadas, já que falar sobre o assunto sem preconceitos ajuda a salvar vidas.

Segundo a psicanalista clínica, Luciene Cristina Andriotti Moretto, é preciso descontruir a ideia de que não se pode falar sobre o assunto, porque pensar sobre a morte, é algo presente no pensamento das pessoas. “Quando se fala em suicídio as pessoas ficam assustadas e a primeira reação é orientar para que a pessoa não pense nisso, não fale sobre isso. Mas, deve ser o oposto”, alerta.
Dizer que é frescura, falta de Deus, ou qualquer outra crítica em torno da manifestação que alguém possa ter a respeito da própria morte pode potencializar ainda mais a ideia de que ela(e) está sozinha(o), o que dificulta a procura por uma orientação profissional que possa acompanhar, acolher e tratar o caso” orienta Luciene.

A tentativa de pôr fim à própria vida não é uma escolha ou uma decisão de alguém que está bem, mas sim uma forma de se DEFENDER da dor emocional que algumas pessoas sentem e não têm recursos mentais e emocionais para lidar com momentos muito difíceis e confusos naquele momento de vida, explica a psicanalista.

Por isso, falar sobre o assunto é tão importante, já que dados mostram que 90% dos suicídios são evitáveis. “Quando a pessoa pensa nisso, está num pico de desespero, de um sofrimento muito grande. Mas, se neste momento, ela consegue conversar com alguém, especialmente com um profissional, a gente consegue entender o que a ideia simboliza e o que aquela “saída” significa para ela.

Um dos grandes obstáculos para se evitar é a imagem que a sociedade, de forma geral, tem de quem demonstra a ideia suicida, com reações e julgamentos que só agravam a situação, enquanto o primeiro passo deve ser o acolhimento, para que quem pensa em suicídio não se sinta culpado. “Quanto mais as pessoas sentirem que tem espaço para falar e compartilhar, e a sociedade desmistificar, maior será a prevenção”, afirma Luciene.

É também importante lembrar que não existe apenas um gatilho para que surjam pensamentos suicidas, várias podem ser as causas, uma delas está presente por exemplo nos sintomas da depressão, alguns tipos de transtorno também podem gerar um pico de angústia muito grande, nestas circunstâncias é preciso alertar e orientar a família do paciente para que estes possam também ajudar e entender o processo psicoterápico.

É comum a pessoa com sintomas de adoecimento emocional pensar em suicídio por concluir que é um “peso” para a família, amigos ou companheiros por exemplo.

De acordo com a última pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde, em 2019, são registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo. Se considerada a subnotificação, estima-se mais de um milhão de casos. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, ou seja, em média 38 pessoas cometem suicídio por dia.

O maior índice é entre homens, que também são mais letais quando atentam contra si mesmos.
Mas, os números têm aumentado entre jovens, segundo Luciene, principalmente pela falsa ideia de felicidade criada pelas redes sociais, ou pelas constantes comparações que os adolescentes e jovens adultos fazem, isso potencializa a tristeza de quem já está sofrendo, explica a psicanalista.

 

CVV oferece apoio a quem sofre

Um dos principais canais de apoio a quem pensa em suicídio é o Centro de Valorização da Vida, que por meio do número 188 e do chat no site (https://www.cvv.org.br), funciona 24 horas, com pessoas ao telefone que estão ali para conversar a respeito e ajudar quem está do outro lado.

 

Serviço:
Atendimento presencial e online
Rosa Clin – Lençóis Paulista – SP
Instituto Superos – Bauru – SP
(14) 98119-9903