Transtorno Obsessivo Compulsivo: entendendo a doença da dúvida

Dr Fábio 03

Todos que vivenciam algum transtorno mental podem ter que lidar não somente com as limitações desse transtorno, mas também, com o preconceito e desconhecimento da sociedade. Saber a diferença entre saúde mental e doença (ou transtorno) mental nem sempre é uma tarefa fácil. Afinal, você saberia identificar a partir de que momento suas “manias” podem ser uma doença?

Todos nós podemos ter, ou então, conhecemos alguém que tenha alguma “mania”. Por exemplo: se incomodar com coisas fora do lugar ou desalinhadas (livros, quadros e objetos de decoração); dúvidas em relação aos cuidados com a casa (será que eu realmente fechei a porta?); preocupações com a saúde e higiene (principalmente nesses tempos de pandemia), ou seja, a lista é grande. Normalmente esses comportamentos fazem parte de sua vida e não trazem nenhum prejuízo á vida das pessoas, e são considerados uma característica de sua personalidade.

O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é um transtorno neuropsiquiátrico caracterizado pela presença de obsessões (pensamentos e imagens mentais recorrentes e desagradáveis) e compulsões (atos e pensamentos repetitivos e ritualizados). Normalmente, pessoas que desenvolvem o TOC tem grande dificuldade em controlar seus pensamentos e seus atos, resultando em grande prejuízo em suas vidas profissionais e de relacionamento, além de ocupar um tempo considerável de suas vidas.

Para ilustrar alguns exemplos comuns desse transtorno, podemos citar: pessoas que tem preocupações excessivas com contaminação e lavam compulsivamente a mão durante todo o dia, muitas vezes com produtos abrasivos, causando lesões sérias; pessoas que voltam para conferir se a porta, ou o gás da cozinha, está realmente fechado uma dezena de vezes, comprometendo seu tempo e sua vida; pessoas que são invadidas por pensamentos dos mais variados (alguém que eu amo morrendo) e que se veem obrigadas a realizar atos para aliviar sua angústia.

Além das obsessões e compulsões, pessoas com TOC podem também desenvolver o comportamento de esquiva, ou seja, numa tentativa de evitar todo o desconforto emocional que o transtorno provoca se evita contato com qualquer situação que gere angustia. Por exemplo, alguém com preocupação de contaminação pode evitar entrar em qualquer banheiro que não seja o da sua própria casa.

Numa tentativa de diminuir a angústia e as dúvidas causadas pelos pensamentos as pessoas com TOC realizam os rituais num ciclo que nunca termina e só se agrava com o tempo. Aproximadamente 2% a 3% da população pode desenvolver esse transtorno e o constrangimento e vergonha em ser portador desse transtorno atrasa em muito a procura de ajuda. O tratamento normalmente envolve um acompanhamento psiquiátrico e psicológico e quanto antes iniciado, melhores serão os resultados. Cuide-se!