Autolesão na adolescência: como ajudar jovens que se cortam?

Dr Fábio 01

A adolescência é um período particular e de vital importância na vida de qualquer pessoa, que se situa entre a infância e a vida adulta. A palavra “adolescência” tem sua origem no latin “adolescere”, cujo significado é crescer. Sendo uma fase de intensas mudanças e profundas transformações, muitos são os fatores que podem afetar negativamente a saúde mental do adolescente.

Alguns desses jovens, tem uma dificuldade maior para lidar com suas emoções, bem como, com os conflitos, e desenvolvem um comportamento que é motivo de crescente preocupação entre pais e educadores: a autolesão.

Os comportamentos autolesivos (cortes, arranhões, queimaduras, mordidas, cutucar feridas), são provocados de forma intencional por alguns jovens, na sua maioria em meninas, e não tem necessariamente a intenção suicida. Os cortes podem ocorrer em regiões como punhos, braços, coxas, ou então, áreas do corpo não visíveis.

Diversos são os fatores que podem contribuir para o surgimento do transtorno; dentre os mais comuns estão: constantes conflitos familiares; presença de sintomas depressivos e ansiosos; ser vítima de bullying; impulsividade; baixa autoestima; estresse mental afetando um ou ambos os pais; abuso de substâncias psicoativas, etc

Assim como outros transtornos mentais, o preconceito e a falta de informação podem atrasar a procura por ajuda adequada. A autolesão não é um comportamento “para chamar a atenção”, como muitos acreditam. Ela é o sinal de um importante sofrimento emocional do jovem que, no momento, sente-se muito envergonhado e confuso para pedir ajuda.

Diante da descoberta de que alguém próximo está se cortando, o apoio familiar é de extrema importância. Muitas vezes, os pais se desesperam, agravando ainda mais o problema. Ser compreensivo, não julgar, e criar um espaço onde o adolescente possa falar de seus sentimentos, medos e angústias, sentindo-se acolhido e respeitado, é sempre o primeiro passo.

A autolesão não significa que o adolescente esteja querendo morrer, no entanto, estudos recentes revelam que, não devidamente tratados, podem enfrentar riscos maiores de piora de sua saúde mental e consequentemente a ação suicida. Com a ajuda especializada de um profissional de saúde mental e apoio familiar, tudo pode ser resolvido.