Por Tânia Morbi
Sintomas podem levar o portador a ser visto de forma equivocada
Segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), é neurobiológico de causas genéticas, caracterizado por sintomas como falta de atenção, inquietação e impulsividade. Aparece na infância e pode acompanhar o indivíduo por toda a vida.
Amanda Nara Angélico Ribeiro é mãe de um adolescente que possui o transtorno. Nesta entrevista para a Revista O Comércio ela compartilha sua experiência para contribuir com mães e pais que possam passar pelas pelos mesmos desafios impostos pelo TDAH.
Ela conta que o primeiro contato com o transtorno foi durante uma viagem a Belém do Pará, quando conheceu uma dentista cujo filho tem o TDAH. “Relatei algumas dificuldades que eu tinha com meu filho e ela me alertou sobre os sintomas e me presenteou com um livro sobre o assunto. Foi meu primeiro contato. Como trabalho na área da Saúde, procurei informações com colegas. Procurei indicação de um profissional qualificado. Foi então que encontrei um neuropediatra e fechamos o diagnóstico”, contou.
Sobre os sintomas, ela lamenta o fato de que ainda são pouco relacionados ao transtorno. “Por conta da hiperatividade, meu filho ‘irritava’ facilmente colegas e familiares ao seu redor com movimentos repetitivos de objetos, como bater incessantemente tampas de potes, réguas ou lápis na carteira. Já fui até chamada no colégio quando ele estava na 4ºserie para ser notificada de que sua régua tinha sido recolhida por estar atrapalhando a sala de aula. Quando eu ia ajudá-lo nas tarefas de casa era sempre uma briga, pois ele não conseguia focar, sempre trazia assuntos aleatórios. Hoje, é muito difícil falar com meu filho assuntos que demandam início, meio e fim. A atenção que ele dá é muito curta, ele se distrai facilmente”, explica.
Amanda lamenta ainda o fato de o transtorno gerar situações difíceis para o portador, devido à falta de compreensão por parte da sociedade. “Meu filho é impulsivo demais, ele não consegue raciocinar os danos que certas atitudes podem ocasionar. Essa impulsividade levou à expulsão da escola. A equipe do colégio fez consciente de que ele tinha o transtorno, inclusive o colégio oferece apoio com psicóloga, que ao invés de acolher, o fez passar por episódios humilhantes. Foi traumático para ele e para mim”, lamenta.
Para lidar com a síndrome ela orienta: “É preciso dialogo e paciência. O mais importante foi eu conhecer sobre o transtorno para melhor tratar meu filho, mas nem todos têm essa disponibilidade. Os desafios do TDAH são diários. O TDAH gera um comportamento que facilmente se confunde com teimosia, relaxo, desorganização, procrastinação, desatenção. Eu dou o apoio emocional que posso oferecer a ele, para que não perca o foco e consiga terminar tarefas iniciadas, pois este é só um transtorno que merece ser compreendido e acolhido”, afirma.
Por sua experiência, a informação é o melhor caminho para os pais que tenham filhos com sintomas semelhantes. “Busquem informações a respeito com especialistas como neurologistas, psiquiatras ou psicólogos. Há também livros ótimos que me ajudaram muito a enxergar meu filho com suas dificuldades mascaradas. Vejam seus filhos teimosos, preguiçosos, bagunceiros e chorões como pessoas que podem ter uma mente inquieta, que merece atenção, compreensão e ajuda para lidar com o turbilhão de pensamentos que o TDAH traz”, conclui.