Mãe solo: sobrecarga e adoecimento

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Psicóloga fala sobre transtornos que sobrecarga pode gerar em mães que criam filhos sozinhas

 

O termo mãe solo identifica mulheres que assumem de forma exclusiva as responsabilidades pela criação dos filhos, tanto financeira quanto afetiva, e tem se tornado cada vez mais comum. Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revelou que, entre 2012 e 2022, o número de domicílios com mães solo cresceu quase 18% no Brasil, indo de 9,6 milhões para 11,3 milhões. Somadas as responsabilidades assumidas de forma exclusiva a outros fatores sociais ou pessoais, como a questão financeira ou as tarefas diárias, a condição dessas mulheres e mães pode se agravar, afetando, inclusive sua saúde psicológica e física. A psicóloga Gabriela Andrade, especialista em Terapia Cognitivo Comportamental e psicologia jurídica, confirma que essa sobrecarga pode gerar diversos transtornos e que procurar ajuda profissional é fundamental.

Para ela, mães solo se sobrecarregam, inclusive, por terem que lidar com a ausência da figura do pai junto aos filhos. “É muito desgastante para uma mãe criar um filho sozinha. Ela tem mais sobrecarga, inclusive emocional, pois ao mesmo tempo em que se cobra para dar conta de tudo, por vezes, precisa driblar a necessidade que o papel paterno exerce na vida da criança, ou deveria exercer. Muitas vezes, essa mãe vivencia os conflitos dos filhos por lidar com a ausência da figura masculina em sua criação”, avaliou.

Entre os transtornos que podem afetar essa mãe sobrecarregada, a psicóloga pontua transtornos de humor, obsessivo-compulsivo, depressivo, entre outros, que afetam diretamente seu dia a dia, tornando-o mais estressante, desencadeando adoecimento físico, quando as dificuldades emocionais passam a afetar o corpo. “Esses transtornos fazem com que a mulher se culpe pelas tarefas não concluídas e, ao mesmo tempo, com que elas se cobrem por não serem a ‘mãe perfeita’, o que pode afetar sua autoestima, autoimagem, autocontrole e autonomia, tornando-a dependente de aprovação alheia em vários aspectos da maternidade”, alertou.

Embora a tarefa solo já possa ser demasiada para algumas mulheres, sua situação social ou familiar pode afetar ainda mais sua condição emocional ou psíquica. “Vivenciamos muitos fatores os quais nem sempre são positivos e contribuem para uma boa saúde mental, o que nos torna reféns de conflitos não resolvidos, gerando o adoecimento mental, emocional e físico. O ser humano em geral, ao vivenciar conflitos que não geram soluções positivas, acaba desencadeando transtornos que podem levar à perda do controle da situação”, disse.

Por isso, embora o papel de mãe possa ser solo, Gabriela afirma que é fundamental procurar ajuda profissional para lidar com os efeitos negativos que a sobrecarga possa gerar. “É importante e necessário buscar ajuda psicológica para compreender e minimizar os conflitos instaurados. Buscar ajuda de um profissional como um psicólogo é entender que, a partir do momento em que se está sofrendo diante de uma situação e não se encontra respostas, a neutralidade e capacidade profissional ajudará a enxergar caminhos que levam a solucionar esses conflitos e crises. O apoio e acolhimento de um profissional vai ajudar a mãe a lidar com suas tarefas diárias, conflitos e problemas que surgem no decorrer da vida, seja na área da maternidade, nos relacionamentos ou nas dificuldades em geral”, concluiu.

 

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