“Se precisar, peça ajuda” é tema do Setembro Amarelo 2023

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Psiquiatra Guto Hueb reforça importância de falar sobre suicídio e identificar sinais de quem está em risco

 

O dia 10 de setembro é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Mas, a campanha Setembro Amarelo é promovida anualmente, há uma década, sempre com o objetivo de falar abertamente sobre o suicídio para quebrar estigmas e salvar vidas.

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), todos os anos, mais pessoas morrem como resultado de suicídio do que HIV, malária ou câncer de mama, ou guerras e homicídios.

O fenômeno afeta pessoas de diferentes origens, sexos, culturas, classes sociais e idades. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, em setembro de 2022, no Brasil, entre 2016 e 2021 houve um aumento de 49,3% nas taxas de mortalidade de adolescentes de 15 a 19 anos, chegando a 6,6 por 100 mil, e de 45% entre adolescentes de 10 a 14 anos, chegando a 1,33 por 100 mil. Na faixa entre 15 a 29 anos, o suicídio foi a quarta causa de morte depois de acidentes no trânsito, tuberculose e violência interpessoal.

Levantamento do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em julho deste ano, aponta aumento de 11,8% no número de suicídios no país apenas em 2022. Ainda segundo a OMS, 700 mil pessoas tiram a própria vida no mundo, a cada ano, o que representa, em média, um caso a cada 40 segundo. Dados de 2019 divulgados pela OMS mostraram em 2022,  mostraram que 58% dos suicídios ocorreram antes dos 50 anos de idade.

Mas, como abordar o assinto, identificar suas possíveis causas e evitar o suicídio?

O psiquiatra Guto Hueb acompanha o que defendem a maioria dos especialistas: que é preciso falar sobre o assunto, como forma de quebrar as barreiras que cercam o tema de tabus e estigmas. “Assim como falar de doenças mentais ainda é difícil para a maioria das pessoas, tratar do suicídio é um tema, infelizmente, cercado de preconceitos, o que só dificulta a prevenção, dificultando que, tanto quem sofre com tendências suicidas, como amigos e familiares possam se unir para evitar que o pior ocorra”.

O médico  também concorda que a falta de uma discussão ampla afeta a forma como as autoridades de saúde tratam do assunto, inclusive nos investimentos destinados para abordar o tema e prevenir o suicídio.  “Todo este tabu relacionado ao suicídio afeta sim a forma como nossos governantes tratem a prevenção ao suicídio e das pessoas que estão em risco. Por isso, é tão importante que a sociedade fale a respeito, que se discuta abertamente sobre o assunto o ano todo, tendo o Setembro Amarelo como um momento especial para isso”.

Tratar sobre o suicídio deve ter o objetivo de livrar a pessoa que está em risco dos estigmas históricos que envolvem o assunto, reforçou Guto Hueb, e assim livrá-la da imagem de que quer apenas chamar a atenção ou de que está fugindo dos seus próprios problemas, de forma covarde. “As pessoas que demonstram a propensão ao suicídio estão em profundo sofrimento, precisam e devem contar com apoio e tratamento, que podem contribuir para que ela mude de ideia. Para isso, precisa entender que existem alternativas para aquele sofrimento”.

O psiquiatra menciona a importância de amigos e familiares identificarem quando uma pessoa está em sofrimento e sob risco de cometer suicídio. Uma forma é identificar os principais sinais: a depressão, a desesperança, o desamparo e o desespero. “É possível identificar os sinais. A pessoa sob risco fala sobre suicídio mais do que o normal, menciona que vai desaparecer, que vai deixar de causar problemas e que é inútil tentar se livrar de seus próprios problemas. Ela também se isola, passa muito tempo sozinha, sem contato com outros. Todos esses, e outros diversos pontos, são sinais de que aquela pessoa pode cometer suicídio”.

Guto Hueb ressalta ainda que é possível evitar o  suicídio. “Como este trágico desfecho está relacionado a doenças mentais graves, podemos analisar que é possível evitá-lo, já que existem tratamentos para essas doenças. Mas, é preciso identificar sinais, amparar quem sofre e procurar por ajuda o mais precocemente possível”.

Quem precisa de ajuda pode contar com o Centro de Valorização da Vida (CVV), no número 188, 24 horas por dia.